STRIP – Apêndice de Humores
a partir de vários autores
a partir de vários autores
Temporada artística
1999
Encenação
Eduardo Luíz
INTÉRPRETES
Patrícia Perneta
Zé Ferreira
Duarte Rodrigues
Paula Erra
Bernardete Andrade
Conceição Pereira
Fernanda da Gama
Norberto da Gama
Margarida Gonçalves
Filipa David*
*Aluna da Escola Profissional de Artes e Ofícios do Espectáculo (Chapitô), a estagiar no Teatro Experimental do Funchal (TEF)
Ficha Artística e Técnica
AUTORIA | Karl Wallentin, Fernando Pessoa, Bertold Brecht, Stanislawsky, Raymond Devos, Mário Henriques, Mendes de Carvalho, Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta, Maria Velho da Costa, entre outros
Selecção de Textos, Encenação e Direcção | Eduardo Luíz
Ambientação Espacial | Eduardo Luíz e Cristina Loja
Guarda-roupa, Adereços e Caracterização | Miguel Vieira
Músicos | Ricardo Gonçalves, Bruno Pereira e Fernando Almeida
Desenho de Luz | Hélder Martins
Sonoplastia | Henrique Vieira
Assistência de Encenação e Direcção de Cena | Cristina Loja
Encarregues de Contra-regra | Filipa David e Conceição Cândido
Assistência à Produção | Filipa David
Chefe de Costura | Julieta Arriaga
Operação de Luz | Élvio Nunes e David Ferreira
Diapositivo Cénico, Carpintaria, Pintura e Serralharia | SR Interiores e Exteriores
Reportagem Fotográfica | Duarte Gomes
Texto do Encenador
STRIP não é um espectáculo!
É a montagem de um espectáculo, que não é espectáculo, nem se sabe se será espectaculo.
É um despojar.
A procura na prateleira do que serve e do que não serve. Se serve muito bem, se não serve lixo.
O chapéu, o verniz, as cuecas, os sapatos, os textos. O que serve e o que não serve. Se serve poderá servir apenas até daqui a pouco. Porque o servir implica a própria crítica. E o não servir também.
Na busca, na procura, a descoberta de quem não sabe o que vai fazer. Um percurso com obstáculos, onde se imprime um labirinto, um ciclo de múltiplas escolhas, que deixam de ser o devido aos obstáculos de sempre. Há possibilidade de tudo acontecer e de nada acontecer, porque a crítica é sempre mais forte do que o que acontece e daí o regresso ao nada. Estamos perante as possibilidades, que parecendo trazerem soluções acabam por não solucionarem nada, enfim tudo se desfaz em nada (é que o raio deste trabalho cai num momento em que eu não queria. Estou em torvelinho. Muito bem, sinto-me num cocktail). E em nada se fica, porque tudo se contesta.
Nesta montagem de espectáculo lança-se um olhar atento sobre daquilo que se sente e não sente. Tentamos criticar. De dentro para fora uma crítica, à espera de fora para dentro d’outra crítica. Várias (muitas). É um jogo, uma crítica em saltos altos que pretende satisfazer os artistas, o público e os críticos.
Na procura de algo que satisfaça, o nada perdura. No entrecruzar de autores e actores a tentativa de montagem de um espectáculo. Que continua à procura. As situações ridicularizam-se na procura do perfeito que não existe.
Em zigue zague, em círculo, de cócoras, de vedeta, de membro de estado a crítico, um travo amargo, uma ironia envolve a procura.
O espalhafato. O espalhafatoso. Sempre os mesmos obstáculos. Ao nada de retorna.
Toda esta conversa é absurda. Fiquemo-nos no absurdo do (aquele que pretende ser) espectáculo.
É absurdo!
Na destreza ou não dos artistas que compõem esta procura manifeste-se o absurdo!
Sinopse
STRIP não é mais do que um instante, podendo servir para reflexão e provocação aos artistas e espectadores, brincando e falando ora de coisas sérias ora de outras não tão sérias; e o que é sério ou não para a higiene mental numa época em que o tempo já não existe, esgarçado e tragado pela insatisfação humana? EDUARDO LUÍZ * STRIP?!… Despir, desnudar, desabrochar será? Quem sabe! CRISTINA LOJA * Quando é que o STRIP é STRIP, e quando é que vai ser STRIP? CONCEIÇÃO CÂNDIDO * “É mias leve suportar a imperfeição do que aquilo que a encobre.” RICARDO GONÇALVES * Na pureza da arte o músico é subtil. “Quando tirares a roupa, lembra-te de nós.” BRUNO PEREIRA * STRIP convencional é a arte de mostrar pouco, tirando tudo. O espectáculo STRIP é o desafio de mostrar tudo tirando “quase” nada. FERNANDO ALMEIDA * Uma sugestão interessante. Um q.b. quotidiano. Um emaranhado de sentimentos que às vezes nos dá e às vezes nos tira. PATRÍCIA PERNETA * STRIP despir a alma com humor. ZÉ FERREIRA * Vestir; Despir; Pôr; Tirar; Experimentar; Provocar; Um vazio que é preciso preencher… DUARTE RODRIGUES * O (re)encontro de duas almas ateado, (creio eu), por um anjo de luz. PAULA ERRA * S… Sedução, T… Teatro, R… Regozijo, I… Imaginação, P… Provocação – Faz quem pode/Vê quem quer. BERNARDETE ANDRADE * STRIP – o trabalho do actor, o despir-se de si mesmo e o vestir-se de uma personagem. CONCEIÇÃO PEREIRA * STRIP?!… Nunca se o faz completamente. FERNANDA DA GAMA * STRIP, saborear tudo, respirar, intervir, prazer. NORBERTO FERREIRA * STRIP – Um mistério por desvendar. MARGARIDA GONÇALVES * Sensação de liberdade, de frescura e de leveza, enfim, algo que poderíamos sentir, contudo e ao longo do tempo a nossa alma e o nosso espírito não encontra aquilo que pretende, desilude-se e fica triste e assim o encontro do despir da nossa mente. FILIPA DAVID