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No Limiar da LOUCURA
a partir de Michel de Ghelderode

Temporada artística

1998

em exibição

1998
Teatro Municipal Baltazar Dias

classificação etária

Maiores de 16 anos

duração

1H30m
(aproximadamente)

Encenação
António Plácido

INTÉRPRETES E PERSONAGENS

O Cavaleiro Bizarro:
António Plácido | Vigilante
Conceição Pereira | Velha
Carlos Varela | 1º Velho
Cristina Loja | 2º Velho
Dinarte Freitas | 3º Velho
Marco de Castro | 4º Velho
Zé Abreu | 5º Velho
Bruno Olim | 6º Velho 

O Escurial:
Eduardo Luíz | Rei
Norberto Ferreira | Folial
Zé Abreu | Monge
Paulo Sérgio | Carrasco

Figuração:
Paulo Sérgio, Helena Paula e Jorge Ramos

Ficha Artística e Técnica

Textos | Ghelderode
Dramaturgia | Kot-Kotecki
Encenação e Direcção Artística | António Plácido
Direcção de Actores | Kot-Kotecki e Natália de Matos (Professores de Corpo e Voz)
Assistente de Encenação | Zé Abreu
Direcção de Cena | Cristina Loja
Encarregue de Contra Regra | Dinarte Freitas e Magda Paixão
Cenografia | Manuel Rodrigues
Dispositivo Cénico | Teatro Municipal Baltazar Dias
Carpintaria, Pintura e Serralharia | SR Interiores e Exteriores
Ajudantes | Bruno Caldeira, Juan Fontes, Márcio Fernandes, Luís Miguel e Virgílio Aguiar
Figurinos e Adereços | Miguel Vieira
Ajudante Aderecista | Helena Paula
Chefe de Costura | Julieta Arriaga
Ajudantes de Costura | Teresa Poipão, Conceição Franco, Conceição Jardim, Teresa Fernandes
Artes Gráficas | Sérgio Paulo
Caracterização | Miguel Vieira
Luminotecnia | Hélder Martins
Ajudantes de Luminotecnia | David Ferreira, Francisco Gomes e Élvio Nunes
Iluminador | Hélder Martins e Élvio Nunes
Elaboração da Banda Sonora | Henrique Vieira e Ricardo Gonçalves
Sonorização | Henrique Vieira
Sonoplastia | Henrique Vieira e Rui Branco

Texto do Encenador

No princípio foi apenas O Escurial. Um dia o Eduardo Luíz entregou-me um texto e desafiou-me a encená-lo. Eram texto e autor desconhecidos para mim. O Escurial de Michel de Ghelderode. Desde logo fiquei interessado em trabalhá-lo, mas desde logo também a constatação de ser demasiado pequeno para construir só por si um espetáculo.
Convidei o Kot-Kotecki (professor da Escola Superior de Teatro e Cinema), que vinha a trabalhar connosco na formação de actores a fazer a dramaturgia do espectáculo, e portanto arranjar-me um texto complementar. Um mês depois chegou-me com um original do mesmo autor, em francês, que nunca tinha sido representado em Portugal, nem tão pouco tinha sido alguma vez traduzido em português.
Tradução feita pusemos mãos à obra. Agora já não era apenas O Escurial, havia também O Cavaleiro Bizarro. Uma e outra histórias bizarras, histórias de demência, insensatez, psicose e desamor, daí o título escolhido por mim o espectáculo: No Limiar da LOUCURA.
Em O Cavaleiro Bizarro, todos são velhos, pesos mortos, abandonados, sem esperanças, todos são produtos fora de prazo, de uma sociedade materialista, assente no desamor. Olhei-os como quem olha para um quadro (“A Parábola dos Cegos” – 1568 de Pieter Bruegel l’Ancien). Esta é uma história intemporal, uma parábola sobre a ausência.
Em O Escurial as personagens enredam-se numa história de amor e ódio, de poder e perversão, é enfim, uma parábola ao desamor. Em ambos os textos tive sempre a sensação de caminhar sobre a ténue linha que separa a sanidade mental da loucura. Em ambos os textos, o poder surgiu-me sempre desmesuradamente ligado à impunidade que é em si, uma loucura.

Ghelderode afirma um dia:

“Para mim o Teatro é um jogo do instinto…”

É um pouco assim que sinto esta encenação. Foi um pouco isso que eu pedi aos actores. Fui fazendo as marcações sem grandes amarras a regras ou conceitos salvo o necessário para não desvirtuar o espírito de Ghelderode, nomeadamente na plástica do espectáculo que sempre me pareceu ter de funcionar como uma obra expressionista. Foi essa a preocupação que transmiti a todos aqueles que comigo trabalharam para a imagem final deste espectáculo.
Perguntar-me-ão: mas então não havia nada mais agradável para fazer do que falar da velhice, da perversão, do desamor, da loucura, da morte??? Talvez. Mas prefiro responder com outra pergunta: não será importante também falar disso???
Afinal não serão importantes as catarses?

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