O Avarento de Molière
de Molière
de Molière
Temporada artística
2013/2014
Encenação
Diogo Correia Pinto
INTERPRETAÇÃO
Carlos Vieira
Fabião Santos
Isabel Rodrigues
Miguel Ângelo Sobral
Norberto Silva
Rúben Silva
Ficha Artística e Técnica
Texto | Jean-Baptiste Poquelin, Molière
Encenação | Diogo Correia Pinto
Assistência de Encenação | Guilherme de Mendonça
Versão Cénica | Diogo Correia Pinto (a partir da tradução de Alexandra Moreira da Silva)
Desenho e Montagem de Luz | Hélder Martins
Figurinos* e Cenografia | Cristina Loja
Caracterização | Miguel Sobral
Design Gráfico | DDiArte
Sonoplastia | Diogo Correia Pinto
Operação de Som** |Adriano Martins
Operação de Luz | Hélder Martins
Frente de Casa e Bilheteira | Equipa TEF
* Utilização/adaptação de figurinos e adereços, de anteriores produções do TEF.
** Neste espetáculo, são tocados trechos dos seguintes temas musicais:
Caravan – Fanfare Ciocarlia; Hora din Petrosnitza – Fanfare Ciocarlia; Manea – Fanfare Ciocarlia; Sirba Moldoveneasca – Fanfare Ciocarlia; Rumba de la Lasi – Fanfare Ciocarlia; Hurichestra – Fanfare Ciocarlia; Twelfth Street Rag – Verne Langdon; Carousel Dreams – Verne Langdon; The Baby Bear Suite – Verne Langdon; Song for a Mouse – Verne Langdon; Skater Waltz / Tales of the Vienna – Verne Langdon e Goofus – Verne Langdon.
Texto do Encenador
Os Clássicos não são uma seca! – Parte 2
Um ano após o “O Amansar da Fera” de William Shakespeare insistimos nos clássicos. Não por motivos de sublimação de um objeto museológico, pesado, porta-estandarte da cultura académica e institucionalizada. Insistimos sobretudo na ideia, de que há clássicos que perpetuam a sua frescura ao longo dos tempos. Mantendo-se vivos, estimulantes criativamente, oferendo inúmeras possibilidades cénicas e de colocação de questões que nos parecem pertinentes nos dias que correm. Neste caso, infelizmente para nós.
Escolhemos Molière, o dissecador dos vícios humanos, das máscaras sociais que se tiram e põem consoante as situações e da hipocrisia dos comportamentos forjados. Embarcámos num dos seus grandes textos, “O Avarento”, em que a personagem principal é o dinheiro. É ele que tiraniza toda a acção. Através de Harpagão e do seu comportamento somítico, ele domina e contamina as restantes personagens tornando-as mesquinhas e falsas, ávidas por tirar vantagem, individualistas e autistas relativamente aos outros. No fundo, é sobre a obsessão pelo poder, através da falaciosa conquista de bens materiais, que nos fala este texto.
Molière inspirou-se na “Comédia da Marmita” do mestre romano Plauto, diz-se que este poderá ter sido influenciado por Menandro, autor grego da Comédia Nova. Porquê esta repetição à volta do vil metal? Possivelmente será uma eterna questão que nem o Teatro deverá saber responder cabalmente. Contudo, as tábuas serão sempre um lugar privilegiado para a analisar.
Este espectáculo é dedicado por todos nós ao Adriano Martins, que infelizmente teve que abandonar o projeto por motivos maiores.
Sinopse
“A primeira fase da dominação da economia sobre a vida social levou, na definição de toda a realização humana, a uma evidente degradação do ser em ter. A fase presente da ocupação total da vida social em busca da acumulação de resultados económicos conduz a uma busca generalizada do ter e do parecer, de forma que todo o «ter» efectivo perde o seu prestígio imediato e a sua função última. Assim, toda a realidade individual tornou-se social e directamente dependente do poderio social obtido.”
Guy Debord
Os atores desdobram-se repetidamente em várias personagens para que o motor continue a trabalhar. É preciso alimentar a máquina. Um “espetáculo-compulsivo” de um velho teatro de bonecos numa feira manhosa, em que as figuras estão condenadas a mover-se ao som do tilintar de umas moedas. Vai recomeçar a exibição.
Harpagão é um velho rico e sovina que vive para o dinheiro, buscando avidamente bens materiais em desfavor de tudo o resto. Ele tem dois filhos, Cleanto e Elisa. Acontece que o pai autoritário, pretende desposar a mesma donzela que o filho, a doce Mariana. Ao mesmo tempo, quer casar a filha com um homem rico, Anselmo. No entanto, Elisa namora secretamente, com o jovem Valério, o “aparente” fiel secretário de Harpagão.
Instala-se o conflito.
Encontros e desencontros, mal-entendidos e comportamentos grotescos condimentados por outras personagens, estendem-se ao longo de toda a ação.
Uma triste comédia que insiste em ser intemporal, satirizando certos vícios humanos, sobretudo a ambição desmedida pelo dinheiro.