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A Nossa Cidade
de Thornton Wilder

Temporada artística

2007/2008

Em exibição

11 a 30 março 2008
Teatro Municipal Baltazar Dias

Classificação etária

Maiores de 6 anos

Duração

2 Horas
(aproximadamente)

Produção 108 do Teatro Experimental do Funchal

Texto do Encenador

Só depois dum Intervalo… Açucaroso Funchal

«EMÍLIA: Eles não compreendem, pois não?
SRA. LEMOS: Não, querida. Eles não compreendem…»*

O Tempo é a personagem principal deste espectáculo e porque a vida passa depressa, como nos lembra Emília no III Acto, propomo-vos esta viagem imaginária à nossa cidade. Para nós, a celebração dos 500 Anos da Cidade do Funchal é, tão só, este arrepiante convite a que compreendamos o sentido da vida e o mistério da nossa existência, que nos passa ao lado, em acontecimentos menores. Só depois dum intervalo lancinante (tantas vezes a morte) nos damos conta do essencial e talvez por isso a maior das banalidades quotidianas nos pode tocar até às lágrimas. Uma das cenas mais comoventes, acontece no cemitério, quando os moradores antigos, já mortos, aguardam a chegada de mais um ser da cidade. À época em que foi escrita (1938) a peça constituiu uma grande novidade sobretudo pelo texto didascálico dispensar qualquer versão cénica ilusionista. As casas, as ruas e o cemitério ocupam lugar no espaço sem que seja necessária qualquer referência realista. A narrativa supera todas as necessidades. Para Thornton Wilder o espectador é um detective. Os actores lançam as pistas, cabe ao espectador investigá-las. O palco é aberto. Um teatro que se transforma na mente do espectador sem ilusões. Influência do teatro oriental, confessou o autor. O texto releva o lado humano e carente das pessoas.
A versão cénica que agora se apresenta não pretende ser uma reconstituição da vida no Funchal no inicio do séc. XX. Há, naturalmente, uma aproximação, um diálogo e encontro, nos dois sentidos, de alguns elementos da época no Funchal com os do texto original, mas não se mexeu no que seria uma contextualização forçada, pelo que o que é universal, na peça em livro, cá ficou correndo o risco de se mostrar como anacrónico. Não temos pudores que nos demovam de motivar o nosso espectáculo com propostas actuais, mas também não temos pudores de ser motivados pelo texto, aliás, razão pela qual os clássicos são clássicos. Estudámos preciosos trabalhos de historiadores e arqueólogos que nos legam, estudando o passado, algumas possíveis explicações da razão de sermos o que somos hoje. Porém, é do que somos hoje que partimos para a concretude cénica e não o contrário.
A Nossa Cidade é um clássico, continuamente levado à cena por todo o mundo, porque nos interpela, de forma inquietante (desde a rotina das nossas acções ao grito de revolta de Emília contra a morte) sobre os elementos do universal e eterno que existem na vida diária. Porque é que os provocadores Directores de Cena quase nos rebentam nesta passagem: «Todos sabemos que existe algo de eterno; não são as casas, nem os nomes, nem a terra, nem o mar, nem mesmo as estrelas… Todos sentimos que há algo de eterno – e que diz respeito aos seres humanos…»?
Uma palavra de autêntica e absoluta gratidão para toda a equipa deste espectáculo (mais de 50 magníficos artistas e técnicos | 31 no palco) com as nossas, rendidas, boas-vindas aos elencos convidados do GMT Oficina Versus e Núcleos de Teatro do Estabelecimento Prisional do Funchal (EPF) Experimentar Sentir e Os Trapalhões, ao Nuno Morna, da Com.Tema, aos alunos do Curso de Teatro do Conservatório, Escola das Artes da Madeira e às crianças Ana Rita Ramos e Guilherme Monteiro; a participação dos mesmos fala por si, muito nos enriquece e toca.
O nosso louvor ao Prof. Virgílio Pereira, ao Dr. Pedro Calado e à Dra. Ana Amaro, da Funchal 500 Anos (e neles a toda a equipa das comemorações) que abraçaram este projecto há 4 anos atrás.
Permitam-nos, todavia, que dediquemos este espectáculo ao Dr. Fernando Santos, Director do EPF, que, há mais de 11 anos, foi pioneiro em Portugal no acolhimento do projecto Educação Dramática, desde então implementado e desenvolvido sistematicamente no EPF e seguido por esse país fora noutros estabelecimentos prisionais…
O Funchal germina muito mais do que imaginamos. É uma força telúrica e vulcânica que não se explica…
Tu, público, és a festa, desta cidade, tu és o fogo de artifício desta cidade, tu és a alma desta cidade, tu és esta cidade, tu és a porta para o mundo, tu és o vulcão que não se extingue, tu és o rebuçado de funcho, tu és o esplêndido, brilhante, magnífico, admirável, fenomenal, espantoso, afectuoso, açucaroso… Funchal. Por tudo isto, continuaremos, entre a rocha dura, a lavrar a terra para semear, com o teatro, o orgulho de sermos açucarosos Funchalenses.

*WILDER, Thornton, A Nossa Cidade, trad.: Maria Luzia Martins, Teatro Estúdio de Lisboa, 1967.

Encenação
Élvio Camacho

INTÉRPRETES E PERSONAGENS

Elenco Principal:

Ana Graça | Júlia Lemos
António Ferreira | Gaspar Teixeira
António Plácido | Carlos Pestana
Dina de Vasconcelos | Virgínia da Paixão
Duarte Rodrigues | Samuel Carvalhal
Eduardo Luíz | Director de Cena
Élvio Camacho |Jorge Lemos
Ester Vieira | Maria Pestana
Luís Melim | David Gouveia
Margarida Gonçalves | Directora de Cena
Norberto Ferreira | Franquinho Freitas
Nuno Morna | Pedro Lemos
Paula Erra | Emília Pestana
Sílvia Marta | Clara Angústias
Sónia Carvalho | Rebeca Lemos
Zé Ferreira | Almeida Dias

e as crianças:

Ana Rita Ramos | Criança
Guilherme Monteiro | Criança

Elenco Convidado do GMT Oficina Versus*|Personagens:

Filipe Silva | Luís da Paixão
Célia do Carmo | Marcelina Henriques
Paula Silva | Ernestina da Paixão

*Actores do Grupo de Mímica e Teatro Oficina Versus / Divisão de Arte e Criatividade – DREER/SREC

Elenco Convidado do EPF*|Personagens:

Emídio Andrade | Alfredo Dias
João Clemente Sousa | Noronha Campos
Luís Nunes | Bruno Inácio
Luísa Faria | Ângela Silvério
Petra Padilla | Luísa Pereira
Sérgio Sousa | Gustávo Spínola
Yvonne Agidee | Marta Francisca

* Actores dos Núcleos de Teatro do Estabelecimento Prisional do Funchal: Experimentar Sentir e Os Trapalhões

Alunos Convidados do CEPAM*|Personagens:

Filipe Luz | João Braz e Simão Braz
Mário Rodrigues | Francisco Pestana

* Formandos do Curso de Teatro/Interpretação, Conservatório, Escola Profissional das Artes da Madeira, Eng.º Luíz Peter Clode

Ficha Artística e Técnica

Encenação | Élvio Camacho
Dramaturgo
| Thornton Wilder
Figurinos | André Correia
Cenografia | Rúben Freitas
Tradução Base | Maria Luzia Martins
Assistente de Encenação | Paula Erra
Dramaturgia e Versão Cénica* | Élvio Camacho
Direcção de Cena e Contra-Regra | Avelina Macedo e Cristina Loja
Adereços de Cena | Rúben Freitas
Adereços de Actor e Caracterização | André Correia
Design Gráfico | Dupla DP|Novos Conceitos de Comunicação e Publicidade, Lda.
Desenho de Luz | Teatro Municipal Baltazar Dias
Apoio ao Desenho de Luz | Eduardo Luíz
Imagens de Vídeo do Epílogo**, gentilmente cedidas por | Rui Martins
Realização e Montagem de Vídeo do Epílogo | António Plácido | RTP Madeira
Mestra de Coordenação e Execução de Figurinos | Ilda Gonçalves
Execução de Figurinos | Serviço de Costura e Lavandaria / DREER: Clarinda Martins, Ivone Berimbau e Fernanda Assunção
Ajudante de Costura | Conceição Franco
Supervisão de Execução de Figurinos na DREER | Duarte Rodrigues
Sonoplastia e Montagem de Som | Henrique Vieira e Élvio Camacho
Operação de Som | Avelina Macedo
Luminoplastas, Montagem e Operação de Luz | Teatro Municipal Baltazar Dias
Frente de Casa e Bilheteira | Teatro Municipal Baltazar Dias
Maquinistas | Teatro Municipal Baltazar Dias
Carpintaria | Estabelecimento Prisional do Funchal
Diapositivos***, gentilmente cedidos por | Abel Zeferino e Dina Correia
Fotocópias de Textos de Ensaios | Junta de Freguesia de Santa Maria Maior
Operação de Diapositivos | Cristina Loja
Montagem de Diapositivos, Voz e Texto do Epílogo**** | Élvio Camacho

*A versão cénica deste espectáculo foi alvo duma intervenção dramatúrgica (adaptação e revisão da tradução) para o TEF| Companhia de Teatro, no contexto das Comemorações dos 500 Anos da Cidade do Funchal, a partir da peça original Our Town, de Thornton Wilder, publicada na colecção Penguin Classics, numa reedição da Penguin Group do ano 2000, confrontada com a versão de palco utilizada pelo Teatro Estúdio de Lisboa em 1968 (uma tradução de Luzia Maria Martins, gentilmente cedida a Élvio Camacho por Glícinia Quartim em 1994). Na fase de ensaios o elenco deu o seu contributo para a versão final que é agora apresentada. Foram também consultadas diversas obras sobre o Funchal e a Madeira, que contribuíram para o espectáculo e conteúdos deste programa, merecedoras do nosso agradecimento.

**http://www.stage6.com/MADEIRA-HD—HIGH-DEFINITION ***http://members.netmadeira.com/abelzeferino/Fotos_antigas/Funchal_Antingo.htm
****Com duas paráfrases de, respectivamente, Fernando Pessoa e Armando Nascimento Rosa.

Sinopse

A Nossa Cidade, de Thornton Wilder, conta-nos a história duma pequena cidade, que, neste espectáculo, pode muito bem ser o Funchal no dealbar do século XX. O dia-a-dia da cidade desfila diante dos nossos olhos conduzido pela narração de dois dos seus moradores, anfitriões da folia que celebra o milagre do Funchal, também directores-de-cena do espectáculo, que, pouco a pouco, nos vão dando conta da vida de alguns dos seus habitantes.
Pequenos dramas, tons de comédia, namoros, intrigas, o descascar das ervilhas, o leiteiro que entrega o leite, os jovens que namoram, os primeiros sintomas de reumatismo, os segundos sintomas de reumatismo, os (milhões de) anos que passam, o comboio que parte para o Monte, um dragoeiro… o tempo como condutor da festa da vida e da morte a entrar silenciosamente pelo palco com uma simplicidade desarmante…

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