Credo
de Craig Lucas
de Craig Lucas
Temporada artística
2006/2007
Encenação
Élvio Camacho
INTÉRPRETES
Eduardo Luíz
Eugénio Cabral
Paula Erra
Élvio Camacho
Ficha Artística e Técnica
Autoria | Craig Lucas
Encenação, Tradução*, Dramaturgia, Espaço Cénico e Desenho de Luz | Élvio Camacho
Revisão de Tradução | Eugénio Cabral e Márcia das Dores
Figurinos**, Adereços, Caracterização e Dispositivo Cénico | Cristina Loja, Marco de França e Elenco do Espetáculo
Direção de Cena e Operador de Som | Marco de França
Design Gráfico | DUPLADP
Luminoplastas | António Freitas, Hélder Martins e Ricardo Martins
Apoio ao Desenho de Luz | Eduardo Luíz
Mestra de Guarda-Roupa | Ilda Gonçalvez
Manutenção do Espaço | Maria José
Frente de Casa e Bilheteira | Patrícia Perneta
Sector para Infância e Juventude | Magda da Paixão; Ana Graça
Produção Executiva | Patrícia Perneta
Música e Letra Original da peça THE BOOM BOX, “I gotta have you tonight” | Patrick Barnes
Apoio Musical | Flávio Daniel
* As 5 peças de Craig Lucas que constituem o presente espectáculo são, por ordem de apresentação: Bad Dream, If Columbus Does Not Figure In Your Travel Plans, Boyfriend Riff, The Boom Box e Credo. A apresentação das mesmas pelo TEF foi autorizada pela William Morris Agency tendo como intermediário a Sociedade Portuguesa de Autores. A tradução partiu dos originais publicados em Junho de 1999 pelo Theatre Comunications Group no Livro What I Ment Was, New Plays and Selected One-Acts, de Craig Lucas. São ainda utilizados no espectáculo, como prólogo, um breve excerto adaptado do romance Se numa Noite de Inverno Um Viajante, de Italo Calvino, na tradução de José Colaço Barreiros, publicada na colecção Público Mil Folhas, nº 11, e como interlúdio, um breve excerto adaptado da peça Falta, de Sarah Kane, na tradução de Pedro Marques, retirado da Obra Completa Sarah Kane, edição da Campo das Letras.
** Utilização/adaptação de figurinos e adereços, de anteriores produções do TEF.
Texto do Encenador
Julgamos ser importante, no conjunto da nossa programação ecléctica, um espaço de risco para a apresentação de textos contemporâneos cujas temáticas abordadas contribuam de forma directa para a revolução de mentalidades que está em curso, para a queda da ignorância, da indiferença perante a ignorância e de tiques de provincianismo que ainda nos afectam. Ora, é nesta dimensão que as 5 peças de Craig Lucas, um dos mais prolíficos e provocadores dramaturgos americanos da sua geração, nos podem ajudar. A forma terna, simples, vigorosa, incisiva, contundente e eficaz com que escreve os seus textos abordando a homossexualidade e a SIDA sem mistificação é sem dúvida o que nos levou à concretude do espectáculo que agora vos apresentamos.
Mais do que uma zona de teste, de procura da novidade pela novidade ou de provocação gratuita, esta criação é uma forma de ir ao encontro de um público jovem emergente, consciente do fenómeno teatral, disposto a abraçar a beleza da arte em todo o seu esplendor e por isso a exigir uma atenção especial. Sabemos que o preconceito mata muitos seres, potencia o medo, nutre a solidão, mas aqui estamos nós a interpelar a realidade em mais uma das suas nuances, certos do papel que, como artistas, temos na construção de um mundo sem preconceitos. Fazemo-lo sem romantismos, sem “rodriguinhos”, sem tratados, sem mistérios, sem pérolas, sem medos, sem ataques a falsas santidades, sem prudências. É assim que fazemos teatro, é assim que levamos à cena mais este espectáculo do TEF, convictos de que, com estas noites de Verão teatral que lhe queremos oferecer, podemos refrescar muitas mentes.
E se as forças atávicas da reacção acharem que perdemos de vez o juízo, pois bem, paciência. E se…, se e mais se, bom, como nos diz Craig Lucas na peça Credo, «vocês podem preencher todos os espaços em branco… Isso também estará bem.»
Sinopse
«Eu quero que os vivos venham gritar por mim e colocar-me de novo na minha vida que eu amava mais do que qualquer coisa que alguém tenha amado… Eu quero os meus olhos e o meu dom para as línguas e a minha pila… Eu não quero ter alguns sonhos de antílopes ou alguns problemas políticos glandulares, eu definitivamente, definitivamente, definitivamente não quero ver o que se passa nos próximos cem anos porque eu já sei o que será, é horrivelmente agoniante, eu quero o Rick. Eu quero-me. Eu quero exactamente o que tinha.»
Craig Lucas, The Boom Box
Um espectáculo com 5 comédias curtas, trágicas e irreverentes para as noites de Verão no Cine-Teatro. A SIDA, o amor incondicional, um casal gay que acorda de noite depois dum sonho mau, um barman que recebe uma visita estranha dum belo jovem que lhe lê os pensamentos, um realizador que fala de todos os seus ex-namorados, mas que não consegue lembrar-se do nome do melhor de todos, dois fantasmas que visitam os vivos que lhes prestam homenagem como vítimas da SIDA, um ser cuja pior coisa que alguma vez lhe podia acontecer, num momento mau, acontece mesmo… são fragmentos do que cremos ser Credo: uma terna brutalidade, uma procura de optimismo na nossa hora mais negra… Credo é uma declaração de fé, ou do que resta da mesma…